Qualquer caso suspeito do vírus será encaminhado para o Hospital Oswaldo Cruz
O mundo todo está se preparando para
enfrentar o ebola depois da declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS) de
que a doença representa um risco mundial. O alerta serve também para
Pernambuco, apesar de especialistas afirmarem que são muito remotas as chances
do vírus chegar ao estado. O infectologista, Demétrius Montenegro, do Hospital
Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), é um deles. Ele participou, na semana
passada de uma teleconferência promovida pelo Ministério da Saúde que reuniu as
Secretarias Estaduais de todo o País e a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) para anunciar os reforços de monitoramento e vigilância na
rede de saúde e nos pontos de entrada no Brasil. Cada estado monta a sua
própria rede estratégica de enfrentamento.
Mesmo sem uma real ameaça, o HUOC, referência também para pacientes com
tuberculose, HIV e sarampo, está preparado para acolher possíveis casos de
ebola, no Setor de Isolamento que possui 32 leitos. “Trabalhamos ainda com a
Central de Regulação para ir em busca de outros leitos e outras unidades, a
exemplo do Hospital Otávio de Freitas”, explicou. O Laboratório Central de
Saúde Pública de Pernambuco (Lacen) também está a postos para fazer a coleta de
material com todos os cuidados exigidos. O Lacen, junto com uma equipe do
Ministério da Saúde, faz o recolhimento e envia para o Instituto Evandro
Chagas, especializado em vírus exóticos, localizado no Pará, onde será
realizada a sorologia, exame que detectará o vírus.
De acordo com Demétrius Montenegro, o surgimento de uma primeira
notificação no Estado, só mesmo tratando-se de um viajante. A rede estratégica
ficará de sobreaviso a cada avião ou navio que tenha partido ou feito escala
nos quatro países da África Ocidental que estão atualmente afetados pelo surto
de ebola (Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Guiné). Se for identificada a presença
de alguém com sintomas suspeitos (como febre, vômito ou diarreia), o transporte
será feito, com todos os cuidados necessários ao HUOC. No entanto, caso o
viajante demonstre os sintomas depois de chegar em solo pernambucano (no caso
do deslocamento ter sido feito durante o período de incubação, quando a doença
não é detectável), as unidades de saúde devem notificar imediatamente os órgãos
de vigilância à saúde.
Por isso é necessária atenção maior nos portos e aeroportos. A Anvisa
tem a programação de chegada de todos as embarcações nos portos brasileiros.
Mesmo sem suspeita de qualquer doença, incluindo o ebola, a chegada de um navio
proveniente de qualquer país africano deve ser comunicado. Já o Aeroporto
Internacional dos Guararapes não recebe voo direto de países africanos.
Demétrius Montenegro faz outro alerta, não criar pânico e muito menos
preconceito entre as pessoas que chegam de países africanos, a exemplo de
Angola. Segundo ele, o estado tem muitos pernambucanos trabalhando no país,
onde existem muitos casos de malária, mas não do ebola. “A malária é uma doença
com maior frequência e consequente mais preocupante”, afirmou.
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